Meno Fortas
O estúdio teatral "Meno Fortas" foi criado em 28 de janeiro de 1998, por iniciativa de Eimuntas Nekrošius, Gultiajeva Nadezda e do Ministério da Cultura da República da Lituânia.
A principal atividade de "Meno Fortas" é encenar peças de Eimuntas Nekrošius e apresentá-las ao público, na Lituânia e no exterior.
Além disso, o estúdio também ajuda a configurar e coordena projetos internacionais de teatro profissional. Ajuda também a promover jovens artistas profissionais.
Todas as encenações de Eimuntas Nekrošius no estúdio "Meno Fortas" foram produzidos com a ajuda de co-produtores lituanos e estrangeiros.
Existem diferentes artistas trabalhando constantemente no estúdio, onde acontecem também concertos de câmara e apresentações.
Após sua reconstrução, em outubro de 2007, "Meno Fortas" reiniciou a sua atividade como um teatro de câmara.
Fonte: site do estúdio Meno Fortas - https://www.menofortas.lt
Nos links Imagens e Vídeos, veja mais materiais do trabalho lituano.
Abaixo, a matéria de Roger Lerina, por ocasião da última vinda do Meno Fortas a Porto Alegre:
Porto Alegre em Cena | 14/09/2010
A resistência do idiota
De hoje a quinta, o lituano Eimuntas Nekrosius apresenta no Em Cena sua versão para “O Idiota”, de Dostoiévski
Uma das estrelas do Porto Alegre Em Cena, o diretor lituano Eimuntas Nekrosius marca presença pela quarta vez no festival com O Idiota – versão de mais de cinco horas de duração do romance do escritor russo Fiódor Dostoiévski (1821 – 1881). O texto sobre um idealista íntegro que enfrenta a mesquinharia e o egoísmo da sociedade ecoa como profissão de fé de um encenador rigoroso, que batizou seu grupo como Meno Fortas – “Fortaleza da Arte”, em português.
Apelidado de “Bob Wilson do Báltico”, comparado a mestres da cena contemporânea como o polonês Tadeusz Kantor (1915 – 1990), Nekrosius, 57 anos, é responsável por alguns dos mais memoráveis momentos do Em Cena desde que mostrou, em 2001, sua montagem de três horas de duração de Hamlet. Após duas tragédias de Shakespeare e um clássico de Goethe, Nekrosius traz à Capital uma obra-prima de Dostoiévski. Escrito pelo autor russo entre 1867 e 1868 em meio a crises de epilepsia, viagens a Florença e sob a pressão de severas dívidas de jogo, O Idiota mostra uma das figuras mais fascinantes da galeria de personagens dostoievskianos: o puro e bondoso príncipe Michkin, cujo humanismo irrestrito entra em choque com a dissipação do novo-rico Rogójin e a sedução da bela Nastácia Filíppovna. Recém-chegado de temporada na Suíça, onde foi tratar a epilepsia, Michkin retorna a São Petersburgo disposto a começar uma nova vida – mas no mundo em que desembarca não há lugar para um homem com tantas qualidades.
Nekrosius condensou os 50 capítulos e quase 700 páginas de O Idiota – publicado no Brasil pela Editora 34 – em um espetáculo de cinco horas com três intervalos. (Recentemente, a diretora brasileira Cibele Forjaz apresentou em São Paulo uma versão em três partes, apresentadas em dias alternados, totalizando sete horas de encenação.) O público porto-alegrense já se acostumou às maratonas teatrais propostas pela companhia Meno Fortas – criada em Vilna, capital da Lituânia, em 1998. “Teatro é síntese, mas não brevidade. Não consigo contar nada em menos de quatro horas. Quanto mais intermitente é a atenção, mais os espetáculos devem ser longos. O teatro é um antídoto contra a pressa insensata dos nossos tempos”, já declarou Nekrosius.
Após ter-se inspirado em quase todos os ícones da literatura russa – Gógol, Tolstói, Púshkin, Tchekhov –, o encenador volta-se agora para um autor que sempre considerou “perigosíssimo, mas ao mesmo tempo aliciante”.
Como costuma fazer em suas adaptações de clássicos literários, o diretor desconstrói o texto e condensa a trama na peça em cartaz de hoje a quinta-feira, às 18h, no Theatro São Pedro. O Idiota concentra a ação em quatro personagens centrais, que interagem em um cenário reduzido a poucos objetos como um espelho, uma porta, algumas camas de grades. Nas palavras de Nekrosius, Michkin é “um espírito puro, incapaz de se adequar ao cinismo e à mesquinhez que predominam à sua volta.”. Mistura de Cristo com Dom Quixote, o herói de Dostoiévski é em certa medida uma projeção ficcional do próprio Nekrosius – ambos resistem à canalhice de seu tempo aquartelados na fortaleza de suas ideias.
ROGER LERINA - ZERO HORA | SEGUNDO CADERNO
Fonte: https://www.clicrbs.com.br/